quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ouvindo sermões: 20 dicas

Escrito por: David Murray 
Tags:Novidade!Pregação
Ouvir sermões é pelo menos tão importante quanto preparar e pregá-los. Eis aqui 20 formas de se tornar um melhor ouvinte de sermão. Alguns desses pontos foram extraídos de três recursos excelentes:
Expository Listening, de Ken Ramey
Listen up!, de Christopher Ash
Take Care How You Listen (free eBook), de John Piper

ANTES DO SERMÃO
1. Leia e medite na Palavra de Deus todos os dias: A leitura diária da Bíblia aguça o apetite para o prato principal no Dia do Senhor. Não podemos esperar estar prontos para digerir alimento espiritual se não comemos ao longo de toda a semana. E não estrague o seu apetite banqueteando-se com o pecado.
2. Limite o consumo de mídia: A maioria dos americanos consome de 9 a 11 horas de mídia por dia (Tiago 1.21). No livro Preaching to Programmed People: Effective Communication in a Media-Saturated Society, Timothy Turner explica como “assistir televisão e ouvir a uma pregação são diametralmente opostos; um é visual, o outro é racional; um envolve os olhos, o outro envolve os ouvidos; um cria observadores passivos, o outro requer ouvintes ativos”.
Após assistir televisão e ir ao cinema, surfar a semana toda na internet, você vai para a igreja e precisa sentar e ouvir a um sermão longo que requer uma grande quantidade de concentração e esforço com os quais você não está acostumado. Espera-se que você passe de ser um espectador passivo a um ouvinte agressivo literalmente da noite para o dia. Ouvir requer uma grande quantidade de concentração e auto-disciplina. (Expository Listening, Ken Ramey, p. 42)

3. Use bem a noite de sábado:
 Arrume a semana anterior, prepara-se para a próxima semana, vá para cama cedo, desencoraje que as crianças fiquem acordadas até tarde na noite de sábado.
4. Ore por você mesmo e pelo pastor: Faça isso diariamente, mas especialmente no Domingo. De muitas formas, “você receberá o que pediu”.
5. Treine-se para ouvir: Existem inúmeros recursos sobre como pregar, mas, à parte dos poucos mencionados acima, pouquíssimos sobre como ouvir.
Os pregadores possuem muitos recursos para treiná-los e equipá-los a se tornarem melhores pregadores, mas os ouvintes dificilmente têm qualquer recurso para treiná-los e equipá-los a se tornarem melhores ouvintes. Isso é surpreendente quando você considera que o número de ouvintes excede em muito o número de pregadores e ainda mais quando você percebe que a Bíblia fala mais sobre a responsabilidade do ouvinte ouvir e obedecer à Palavra de Deus do que o faz sobre a responsabilidade do pregador explicar e aplicar a Palavra de Deus. De capa a capa, a Bíblia está recheada de versículos e passagens que falam sobre a necessidade vital de ouvir e obedecer à Palavra de Deus. Deus está muito preocupado sobre como os pregadores pregam. Mas com base na enorme quantidade de referências bíblicas a escutar e ouvir, é inegável que Deus está tão preocupado, se não mais, em como os ouvintes ouvem. (Expository Listening, Ken Ramey, p. 3)

O SERMÃO
1. Chegue à igreja com folga de tempo, a fim de se instalar com calma e se concentrar.
2. Respeito o silêncio do santuário: Isso incluir treinar seus filhos a não distrair os outros.
3. Engaje seu corpo e alma na adoração e oração: Envolva todo o seu corpo, mente e alma na adoração antes do sermão.
4. Diga a si mesmo que Deus está prestes a falar: Continue orando para que ele fale com você por meio da sua Palavra.
5. Reconheça que esse é um esforço de equipe e assume a responsabilidade pessoal.
O sermão é uma aventura em conjunto entre o pregador e o ouvinte. Sermões bem sucedidos é o resultado do ouvinte em parceria com o pregador, de forma muito semelhante a como um receptor trabalha em uníssono com um arremessador. Tanto o receptor quanto o arremessador desempenham um papel importante a desempenhar no processo de arremesso. A responsabilidade não descansa inteiramente nos ombros do arremessador. (Expository Listening, Ken Ramey, p. 4)
6. Faça breves anotações: O suficiente para você se concentrar, mas não tantas ao ponto do sermão se transformar numa palestra que engaja apenas a mente.
7. Verifique se o pregador está pregando a Palavra de Deus: Não com um espírito farisaico crítico (Lucas 11.54), mas com um espírito de discernimento bereano (Atos 17.11).
8. Aceite que haverá momentos em que a Palavra te machucará: Não reaja contra isso e “se desligue”, mas receba a repreensão e tente extrair proveito dela.
9. Tenha boa vontade para com o pregador: Má vontade ou malícia para com o pregador é algo que endurece o coração. Algo que bloqueia a Palavra.
10. Tente encontrar uma coisa da qual se beneficiar: Em geral você pode encontrar uma ou duas migalhas mesmo no pior sermão do pior pregador.

APÓS O SERMÃO
1. Converse com outros sobre o sermão: Compartilhe com os seus amigos e família aquilo que te ajudou.
2. Coloque-o em prática: Obedeça e pratique a Palavra.
3. Seja paciente ao esperar os resultados: Semeadura e colheita de frutos pressupõe um processo gradual e lento de desenvolvimento.
4. Trabalhe o seu solo: O solo pode mudar de ruim para bom, e então para muito bom. Somos responsáveis por preparar o solo do nosso coração (Marcos 4.1-20).
5. Dê feedback: De vez em quando encoraje os pregadores com detalhes sobre como e de que forma sermões particulares te ajudaram. E o que acontece quando você fez todas essas 20 coisas dessa lista e decide que precisa dar um feedback negativo. Bem, confira em seu blog o post sobre como criticar o seu pastor.
 
Tradução: Felipe Sabino (setembro/2013)

David Murray
Pastor da Free Reformed Church, em Grand Rapids. Professor de Antigo Testamento & Teologia Prática no Puritan Reformed Theological Seminary. 

10 Marcas Distintivas da Pregação de João Calvino

Escrito por: Steven Lawson
No livro João Calvino: amor à devoção, doutrina e glória de Deus (Editora Fiel), editado por Burk Parsons, há um capítulo intitulado O Pregador da Palavra de Deus, escrito por Steven Lawson. Aqui está um resumo desse capítulo, delineando o que Steven Lawson sugere ser as dez marcas distintivas da pregação de Calvino. 
1. A pregação de Calvino era bíblica em seu conteúdo.
“O reformador se manteve firme no principal fundamento da Reforma — sola Scriptura (somente a Escritura)… Calvino acreditava que o pregador não tinha nada a dizer além das Escrituras.” (pp. 96-97)
2. A pregação de Calvino seguia um padrão sequencial.
“Durante o ministério de Calvino, o seu procedimento era pregar sistematicamente sobre livros inteiros da Bíblia… Na manhã dos domingos, Calvino pregava o Novo Testamento; à tarde, o Novo Testamento e os Salmos; e, em semanas alternadas, pregava o Antigo Testamento todas as manhãs da semana. Servindo-se desse método consecutivo, Calvino pregou quase todos os livros da Bíblia.” (pp. 97-98)
3. A pregação de Calvino era direta em sua mensagem.
“Quando expunha as Escrituras, Calvino era notoriamente direto e centrado no ensino principal. Ele não iniciava sua mensagem com uma história cativante, uma citação estimulante ou uma anedota pessoal. Em vez disso, Calvino introduzia de imediato os seus ouvintes no texto bíblico. O foco da mensagem era sempre as Escrituras, e Calvino falava o que precisava ser dito com economia de palavras. Não havia frases desperdiçadas.” (p. 98)
4. A pregação de Calvino era extemporânea em seu apresentação.
“Quando subia ao púlpito, ele não levava consigo um rascunho escrito ou esboço do sermão. O reformador fez uma escolha consciente de pregar extempore, ou seja, espontaneamente. Ele queria que seus sermões tivessem uma desenvoltura natural e cheia de paixão, enérgica e envolvente; acreditava que a pregação espontânea era mais conveniente para cumprir esses objetivos.” (p. 99)
5. A pregação de Calvino era exegética em sua abordagem.
“Calvino insistia que as palavras da Escritura têm de ser interpretadas conforme o ambiente histórico específico, as línguas originais, as estruturas gramaticais e o contexto bíblico… Calvino insistiu no sensus literalis, o sentido literal do texto bíblico.” (p. 100)
6. A pregação de Calvino era acessível em sua simplicidade.
“Como pregador, o principal objetivo de Calvino não era comunicar-se com outros teólogos, e sim alcançar as pessoas comuns, assentadas no banco… Ocasionalmente, Calvino explicaria mais cuidadosamente o significado de uma palavra, sem citar o grego ou o hebraico original. Todavia, Calvino não hesitava em usar a linguagem da Bíblia.” (p. 101-102)
7. A pregação de Calvino possuía um tom pastoral.
“O reformador de Genebra nunca perdia de vista o fato de que ele era um pastor. Assim, ele aplicava calorosamente as Escrituras, com exortação amável a fim de pastorear o seu rebanho. Ele pregava com a intenção de estimular e encorajar suas ovelhas a seguirem a Palavra.” (p. 102)
8. A pregação de Calvino era polêmica em sua defesa da verdade.
“Para Calvino, a pregação necessitava de uma defesa apologética da verdade. Ele acreditava que os pregadores tinham de resguardar a verdade; por isso, a exposição sistemática exigia a confrontação das mentiras do Diabo em todas as suas formas enganosas.” (p. 103)
9. A pregação de Calvino era cheia de paixão em seu alcance.
“Em nossos dias, há uma noção errônea de que, por acreditar na predestinação, Calvino não era evangelístico. O mito persistente é que ele não tinha paixão por alcançar almas perdidas para trazê-las a Cristo. Nada pode estar mais distante da verdade. Calvino possuía uma grande paixão por alcançar as almas perdidas. Por essa razão, ele pregava o evangelho com uma persuasão que afetava o coração e com amor, apelava aos pecadores desgarrados a se renderem à misericórdia de Deus.” (p. 104)
10. A pregação de Calvino era doxológica em sua conclusão.
“Todos os sermões de Calvino eram completamente teocêntricos, mas seus apelos conclusivos eram sinceros e amorosos. Ele não podia descer do púlpito sem exaltar o Senhor e instar seus ouvintes a se rederem à absolutamente supremacia dEle. Os ouvintes tinham de se humilhar sob a poderosa mão de Deus. Quando concluía, Calvino exortava regularmente sua congregação: ‘Prostremo-nos todos ante a majestade do nosso grande Deus’. Não importando o texto bíblico sobre o qual ele pregava, essas palavras demandavam uma submissão incondicional de seus ouvintes.” (p. 105)
Tradução: Felipe Sabino (agosto/2013)

Steven Lawson
Steven Lawson é o pastor da Christ Fellowship Baptist Church em Mobile, Alabama, e atuou como pastor nos estados do Arkansas e Alabama por vinte e oito anos. Obteve seu Bacharelado em Administração de Empresas na Universidade Tecnológica do Texas, Mestrado em Teologia no Seminário Teológico de Dallas e Doutorado em Ministério no Seminário Teológico Reformado. Escreveu catorze livros, incluindo A Arte Expositiva de João Calvino, As Firmes Resoluções de Jonathan Edwards, Fundamentos da Graça (prelo Editora Fiel). Dr. Lawson e sua esposa, Anne, têm três filhos, Andrew, James e John, e uma filha, Grace Anne.